Mais uma vez Bolsonaro ameaça dar golpe nas eleições

08/06/2022 (Atualizado em 08/06/2022 | 15:16)


presidente Jair Bolsonaro (PL) ameaçou, mais uma vez, dar golpe nas eleições deste ano caso não haja auditoria dos votos. A intenção golpista do ultrarreacionário de extrema-direita se dá após o Partido Liberal (PL) ter solicitado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o credenciamento do Instituto Voto Legal (IVL) para auditar o pleito representando o partido. O partido atendeu a uma exigência do mandatário, que não tem dado trégua nos ataques infundados ao sistema eletrônico de votação.

De acordo com o Globo, Bolsonaro afirmou que, caso a Corte eleitoral não aceite a proposta, não haverá eleição. “Se não tiver auditoria, não vai ter eleição”, noticia coluna.

Instituto Voto Legal é uma empresa sediada em São Paulo e dirigida pelo engenheiro Carlos Rocha, formado pelo Instituto de Tecnologia da Aeronáutica, que nos anos 1990 participou do projeto de criação da urna eletrônica. A enmpresa se apresenta como uma “associação privada sem fins lucrativos formada, em 2021, por profissionais técnicos qualificados e com décadas de experiência em grandes projetos e, em especial, no sistema eletrônico de votação”.

Conforme antecipou a coluna, o valor do contrato firmado com o Instituto Voto Legal é de R$ 1,35 milhão. O pedido vai ser analisado pelo presidente do TSE, Edson Fachin.

Segundo o jornal, deputados e senadores ouvidos nos últimos dias pela equipe da coluna consideram a medida inoportuna justamente em razão da indisposição que gera com o TSE. Também defendem concentrar os gastos do partido com despesas de campanha e não com um trabalho que muitos não estão convencidos de ter serventia para além de atender à vontade do presidente da República.

Bolsonaro: o Trump brasileiro

Assim como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, Bolsonaro defende, sem apresentar quaisquer provas, que as eleições no Brasil podem ser forjadas. O chefe do Executivo afirmou, no último mês, que irá acionar as Forças Armadas, a Controladoria-Geral da União (CGU) e até a Advocacia-Geral da União (AGU) para fiscalizar o processo eleitoral, segundo interlocutores do presidente ouvidos pelo Globo.

Entretanto, a intenção de extremista de direita é clara: o objetivo é colocar o TSE contra a parede e dar munição para Bolsonaro atacar a Justiça Eleitoral, além de descridibilizar o pleito.

A atitude não é de se estranhar. Amargando na aprovação do governo e intenção de voto, o mandatário prevê a derrota para o ex-presidente Lula (PT), que lidera todas as pesquisas eleitorais antes mesmo do anúncio da candidatura.

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Recusa de observação europeia

O chefe de Estado quer auditoria dos votos, mas tem que ser uma fiscalização “escolhida pelo seu dedo“. Isso porque, no último mês, o TSE teve que retirar um convite feita à União Europeia para receber uma missão de observadores com objetivo de acompanhar o processo das eleições de outubro após grande pressão do Planalto.

Segundo o porta-voz das Relações Exteriores da comissão europeia, Peter Stano, o “TSE informou que não seguirá com as tratativas do pedido feito em março, devido as ressalvas expressadas pelo governo brasileiro”. A declaração foi feita para a agência internacional Reuters. “Por conta dessas circunstâncias, nós não iremos enviar uma missão exploratório para o Brasil para analisar uma possível missão observatória da EU”, afirmou.

A participação de missões internacionais de observação é recorrente no processo eleitoral brasileiro. Nas eleições municipais de 2020, a Organização dos Estados Americanos (OEA) acompanhou o pleito a pedido do TSE. Esta seria a primeira vez que a União Europeia acompanharia o pleito no país.

Nem PL apoia delírios de Bolsonaro

As ameaças de Bolsonaro são tratadas pelos próprios integrantes do PL como a preparação para a derrota em outubro. “Se Bolsonaro fizer questão, vamos contratar. Mas o PL é um partido da política. Não queremos de jeito nenhum essa briga com o TSE“, afirmou um integrante da direção ouvido pela jornalista Malu Gaspar, do O Globo.

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Outra pessoa próxima a Bolsonaro confirmou à jornalista que a intenção de Bolsonaro ao atacar o sistema eleitoral brasileiro é produzir “justificativa para depois não cumprir o resultado” diante da iminente derrota nas urnas.

Derrotado na eleição de 2014, Aécio Neves (PSDB-MG) não aceitou a vitória e, sem nada que o respaldasse, também pediu auditoria, que confirmou a vitória de Dilma Rousseff (PT).

Fonte: Socialismo Criativo