Planos de saúde podem subir até 18% em aumento recorde

07/04/2022 (Atualizado em 07/04/2022 | 12:50)

Valor será definido pela ANS nos próximos dias, mas entidades projetam aumento a partir de 15%
Valor será definido pela ANS nos próximos dias, mas entidades projetam aumento a partir de 15%


A partir de maio os planos de saúde devem passar por um reajuste que ficará entre 15% e 18,2% nos preços individuais. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deverá definir o valor nas próximas semanas. Se aprovado, esse será o maior aumento do setor em duas décadas.

O anúncio da ANS vem cinco dias depois de o governo ter autorizado – no dia 1° de abril – o de até 10,8% no preço dos medicamentos. Os dois reajustes devem se somar ao aumento dos combustíveis como mais um fator pressão para a inflação.

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Até agora o recorde no aumento dos preços dos planos de saúde é de 13,57% em 2016. Em 2021, os planos individuais tiveram um desconto de 8,2% devido à redução da demanda para uso dos serviços médicos oferecidos em 2020.

O banco BTG Pactual estima que o aumento deve ficar em torno de 15%. Já o Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS), calcula alta de 18,2%. A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) acredita que o reajuste será de 16,3%.

Ao jornal O Globo, o superintendente executivo da Abramge, Marcos Novais, disse que os custos de material descartável e equipamentos importados têm impacto no reajuste.

“O setor registra um aumento de custos no período. Observamos um novo padrão de utilização dos serviços após a pandemia. As altas nos preços dos medicamentos, em dois anos, somam quase 24%, o que é significativo para as operadoras”, argumentou Novais.

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) disse que os fatores que influenciam o reajuste recorde é influenciado por diversos fatores.

Tais como o aumento do preço dos medicamentos e insumos médicos, o crescimento da utilização de recursos dos planos e a incorporação de novas coberturas obrigatórias, seja medicamentos ou procedimentos médicos.

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FenaSaúde disse que são esperados ainda os impactos dos tratamento da chamada Covid longa. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as sequelas atingem de 10% a 20% dos que contraíram a doença, o que corresponde 6 milhões de pessoas no Brasil.

A coordenadora do Programa de Saúde do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Ana Carolina Navarrete, essas projeções do mercado não refletem os dados reais de utilização dos planos de saúde – a chamada sinistralidade, que é medida pela própria ANS.

Em junho de 2021, a ANS publicou um estudo que mostra que a sinistralidade do primeiro trimestre de 2021 foi inferior ao observado no mesmo período de 2019 – entre 75% e 77%. O índice aumentou no segundo trimestre e chegou a 82%.

Para Ana Carolina, ainda assim, os percentuais projetos não condizem com a realidade e entram em contradição com as informações divulgada pela própria ANS.

Segundo ela, a variação das amédicas aumentou, mas não atingiu patamares anteriores à pandemia. De acordo com a ANS o percentual máximo de reajuste tem como base a variação das despesas assistenciais dos dois anos anteriores à divulgação do índice.

É a própria ANS quem envia esses dados às operadoras dos planos de saúde.

Deputado do PSB analisa impactos do aumento dos medicamentos no SUS

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Deputado federal Israel Batista (PSB)/ Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

O aumento de 10,89% no preço dos medicamentos autorizado pelo governo federal na última sexta-feira (01) tem impacto não só no preço dos planos de saúde, mas afetam também o Sistema Único de Saúde (SUS).

O deputado federal Israel Batista (PSB) solicitou ontem (05) ao Ministério da Saúde explicações sobre a avaliação do impacto financeiro a ser suportado pelo SUS com o aumento no preço dos medicamentos.

“Apesar de ser um procedimento anual, o aumento dos medicamentos em 10,89%, autorizado pelo presidente Bolsonaro, além de ser um ato de irresponsabilidade, é um ataque à população”, disse o parlamentar.

E acrescentou ainda que existem mais de 12 milhões de desempregados no Brasil, ao mesmo tempo em que a miséria e a fome avançam e a inflação chega a 10,06%.

“Esse reajuste é ainda mais preocupante em um período de enfrentamento da pandemia, com considerável aumento de despesas no SUS”, opina.

O deputado entrou com um Requerimento de Informação (RIC n 175/2022) para que o ministério possa responder se houve uma avaliação do impacto desse aumento de preço dos medicamentos para o usuário do SUS.

No Diário Oficial da União, o governo afirma que o aumento é justificado pela inflação de março, que acumulou um percentual de 10,54%, segundo dados do IBGE, além do “Fator de Ajuste de Preços Relativos entre Setores”, que foi definido pelo Ministério da Economia em 0,35%.

Fonte: Socialismo Criativo