Em uma eleição excepcional, feita em formato on-line,
realizada na última segunda-feira, dia 24, foram eleitos os novos membros do Conselho
de Administração e do Conselho Fiscal da Federação das Associações de
Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). O pleito definiu que Eduardo Bonotto,
do PP de São Borja, será o presidente da Associação até 2022, assim como o
prefeito socialista de São José dos Ausentes, Ernesto Valim Boeira, atuará como
um dos vice-presidentes da entidade pelo mesmo período.
O dia também marca o início do processo de despedida de
três mandatos na diretoria da Famurs da ex-prefeita reeleita de Cristal, Fabia
Richter, já que a posse será em somente em julho. Em entrevista exclusiva para
Comunicação do PBB-RS, ela analisa sua trajetória, lutas, tristezas e legado
junto a entidade que reúne, e une, os prefeitos no Rio Grande do Sul.
“Agradeço ao PSB pela oportunidade de estar por três
vezes na diretoria da Famurs. E, posso dizer que, hoje, entregamos uma
Associação bem diferente que existia no primeiro mandato, quando atuei como
tesoureira. Foi quando começamos a implantar uma organização de
responsabilidade em compras e contratações públicas, que culminou com o
“compliance”, que nada mais é que um sistema anticorrupção. E, este, é o melhor
legado que a “chata” Fabia Richter deixa para a Famurs”, ressalta Fabi, como é
carinhosamente chamada pelos seus amigos, falando de si mesma na terceira
pessoa.
Fabia Richter também comenta suas lutas dentro da
associação de prefeitos gaúchos: “Não ser feia, não ser burra e não ser medrosa
são atributos demais para uma mulher na politica. Infelizmente, mesmo na
diretoria, os posicionamentos são muito limitados e é necessário ter que
embrutecer para ser ouvida, para ser respeitada” enfatiza Fabi, que também foi
vice-presidente da Associação.
Ela lembra que na posse de seu segundo mandato na
diretoria da Famurs, realizou um protesto, que se tornou um grito imenso e, inclusive,
causou certo mal-estar com o então presidente eleito já no início da gestão:
“Não fui de vestido na solenidade de posse da nova diretoria. Fui de gravata.
Era para ser um protesto discreto para o machismo que impera na Associação, mas
era para causar alguma coisa e causou, mostrando a realidade da política e da
instituição, que nunca teve, e ao meu ver, não terá tão cedo uma mulher de
presidente”.
Fabia Richter também lembra que os técnicos e
funcionários da Famurs sempre a receberam muito bem, lhe escolhiam para contar
suas preocupações, a municiaram de dados e informações que a incentivaram a enfrentar
as dificuldades e estar sempre presente no dia-a-dia da entidade. Também lembra
com carinho do Presidente Sergio Menegas (2014 a 2015) que a autorizou-a,
quando tesoureira, a modificar várias questões da contabilidade para deixa-las muito mais transparentes. Éticas.
Mas houve uma tristeza também neste período. “Não
consegui melhorar a área técnica da Saúde da Famurs. E isto me deixa muito
triste. Nunca quis mandar ninguém embora, mas tinha que ser maior e mais
próxima do Cosems e da Secretária de Saúde do Estado”, ressaltou Fabia e completou:
“Fica como ensinamento, como uma lição”.
Mas agora, Fabi já vislumbra outros tempos, mas nunca
esquecendo quem é, e de onde veio: “Eu, antes de tudo, sou enfermeira. E vou
trabalhar muito para enfermagem do Rio Grande do Sul e do Brasil. Está na minha
essência. Inclusive, depois de entregar o cargo de prefeita, já estou
trabalhando de novo em minha profissão, e com muito orgulho. O futuro está
abrindo portas e será a enfermeira que irá ultrapassa-las e, quem sabe, assumir
outros cargos, outros desafios. Mas sempre a enfermeira e orgulhosa disto!”.
Fabia Richter esteve na diretoria da Famurs entre
2014-15, 2018-19 e 2020-21.
Fabia Richter e o protesto silencioso que gritou alto na posse da diretoria na Famurs:
"Não fui de vestido. Fui de gravata.Era para ser um protesto discreto contra o machismo que impera na Associação. E ao meu ver, a Famurs não terá tão cedo uma mulher de presidente”
Fonte: Assessoria de Comunicação do PSB-RS