Fabia Richter: “A Famurs ainda não está preparada para a mulher”

25/05/2021 (Atualizado em 26/05/2021 | 12:34)

A ex-prefeita reeleita de Cristal analisa sua trajetória na Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul

Fotos reprodução internet
Fotos reprodução internet

Em uma eleição excepcional, feita em formato on-line, realizada na última segunda-feira, dia 24, foram eleitos os novos membros do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). O pleito definiu que Eduardo Bonotto, do PP de São Borja, será o presidente da Associação até 2022, assim como o prefeito socialista de São José dos Ausentes, Ernesto Valim Boeira, atuará como um dos vice-presidentes da entidade pelo mesmo período.

O dia também marca o início do processo de despedida de três mandatos na diretoria da Famurs da ex-prefeita reeleita de Cristal, Fabia Richter, já que a posse será em somente em julho. Em entrevista exclusiva para Comunicação do PBB-RS, ela analisa sua trajetória, lutas, tristezas e legado junto a entidade que reúne, e une, os prefeitos no Rio Grande do Sul.

“Agradeço ao PSB pela oportunidade de estar por três vezes na diretoria da Famurs. E, posso dizer que, hoje, entregamos uma Associação bem diferente que existia no primeiro mandato, quando atuei como tesoureira. Foi quando começamos a implantar uma organização de responsabilidade em compras e contratações públicas, que culminou com o “compliance”, que nada mais é que um sistema anticorrupção. E, este, é o melhor legado que a “chata” Fabia Richter deixa para a Famurs”, ressalta Fabi, como é carinhosamente chamada pelos seus amigos, falando de si mesma na terceira pessoa.

Fabia Richter também comenta suas lutas dentro da associação de prefeitos gaúchos: “Não ser feia, não ser burra e não ser medrosa são atributos demais para uma mulher na politica. Infelizmente, mesmo na diretoria, os posicionamentos são muito limitados e é necessário ter que embrutecer para ser ouvida, para ser respeitada” enfatiza Fabi, que também foi vice-presidente da Associação.

Ela lembra que na posse de seu segundo mandato na diretoria da Famurs, realizou um protesto, que se tornou um grito imenso e, inclusive, causou certo mal-estar com o então presidente eleito já no início da gestão: “Não fui de vestido na solenidade de posse da nova diretoria. Fui de gravata. Era para ser um protesto discreto para o machismo que impera na Associação, mas era para causar alguma coisa e causou, mostrando a realidade da política e da instituição, que nunca teve, e ao meu ver, não terá tão cedo uma mulher de presidente”.

Fabia Richter também lembra que os técnicos e funcionários da Famurs sempre a receberam muito bem, lhe escolhiam para contar suas preocupações, a municiaram de dados e informações que a incentivaram a enfrentar as dificuldades e estar sempre presente no dia-a-dia da entidade. Também lembra com carinho do Presidente Sergio Menegas (2014 a 2015) que a autorizou-a, quando tesoureira, a modificar várias questões da contabilidade para deixa-las muito mais transparentes. Éticas.

Mas houve uma tristeza também neste período. “Não consegui melhorar a área técnica da Saúde da Famurs. E isto me deixa muito triste. Nunca quis mandar ninguém embora, mas tinha que ser maior e mais próxima do Cosems e da Secretária de Saúde do Estado”, ressaltou Fabia e completou: “Fica como ensinamento, como uma lição”.

Mas agora, Fabi já vislumbra outros tempos, mas nunca esquecendo quem é, e de onde veio: “Eu, antes de tudo, sou enfermeira. E vou trabalhar muito para enfermagem do Rio Grande do Sul e do Brasil. Está na minha essência. Inclusive, depois de entregar o cargo de prefeita, já estou trabalhando de novo em minha profissão, e com muito orgulho. O futuro está abrindo portas e será a enfermeira que irá ultrapassa-las e, quem sabe, assumir outros cargos, outros desafios. Mas sempre a  enfermeira e orgulhosa disto!”.

Fabia Richter esteve na diretoria da Famurs entre 2014-15, 2018-19 e 2020-21.



Fabia Richter e o protesto silencioso que gritou alto na posse da diretoria na Famurs:

"Não fui de vestido. Fui de gravata.Era para ser um protesto discreto contra o machismo que impera na Associação. E ao meu ver, a Famurs não terá tão cedo uma mulher de presidente” 

Fonte: Assessoria de Comunicação do PSB-RS