ARTIGO: Um dia para o Meio Ambiente

10/06/2020 (Atualizado em 10/06/2020 | 15:50)

A década de 60 viveu experiências culturais revolucionárias, que mudaram o mundo. Do nascimento do movimento hippie ao avanço do movimento estudantil, em um momento que se passa a questionar o modelo de sociedade, de sexualidade, de costumes, de moral e de estética. Década que também ficou marcada, no seu final, pela percepção dos países ricos e industrializados, quanto aos efeitos negativos de suas práticas e tecnologias, sobre os recursos e o ambiente.
Cenário que motivou o Dr. Aurélio Peccei, top manager da Fiat e diretor da Italconsult, preocupado com os rumos da economia mundial, junto ao cientista escocês Alexander King, a formar o Clube de Roma, que reuniu na Accademia dei Lincei, em Roma, cerca de 20 líderes e personalidades da época, entre cientistas, industriais e políticos, para tratar das condições humanas para o futuro. Detectaram que a industrialização acelerada e o rápido crescimento demográfico levariam à escassez de alimentos e ao esgotamento dos recursos não renováveis e definiam que o grande problema estava na pressão da população mundial sobre o ambiente.
Os participantes comprometeram-se a influenciar seus líderes e divulgaram, em 1972, o primeiro relatório do Clube de Roma, intitulado The Limits to Growth (Os Limites para o Crescimento). O texto apontou para a necessidade de respeitar a finitude dos recursos naturais, a modo de ser possível atingir a estabilidade econômica, a começar por frear o crescimento da população global e das atividades industrializadas. Posição que rapidamente repercutiu no mundo e descontentou nações em desenvolvimento. A tese do Crescimento Zero foi o primeiro ataque direto às teorias de crescimento econômico contínuo, propagadas pela visão expansionista do modelo econômico vigente, de acesso ilimitado aos recursos, ideia que literalmente foge do real.
O relatório acendeu um debate caloroso que culminou, naquele mesmo ano, na conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente humano, a Stockholm Conference Eco, presidida pelo canadense Maurice Strong, em Estocolmo, capital da Suécia. A Conferência de Estocolmo, aberta no dia 5 de junho de 1972, foi a primeira conferência global sobre meio ambiente e por esta razão comemoramos nesta data o Dia Internacional do Meio Ambiente. Um marco histórico, no debate de políticas voltadas ao gerenciamento ambiental, que novamente não contou com a adesão de todos, sobretudo dos países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, que argumentou em nome do crescimento a qualquer custo, que todos tinham direito de crescer e que não seria justo impedir o desenvolvimento dos países pobres.
Estocolmo reuniu 113 países e centenas de órgão intergovernamentais e organizações não governamentais. Foi o primeiro grande alerta mundial para os perigos da degradação ambiental e ameaças à existência humana, que permaneceu aceso na ideia do desenvolvimento sustentável, lançado para o mundo no final da década de 80, pela Comissão Brundtland, na publicação do relatório Nosso Futuro Comum
, em consideração às gerações futuras, diante dos padrões elevados de produção e consumo. Um debate que transcendeu o século 20 e que se coloca com muita intensidade na nossa vida diária.


Professor Marcelo Dutra da Silva

Membro do PSB de Pelotas

Ecólogo – Doutor em Ciências

Instituto de Oceanografia - Universidade Federal do Rio Grande

Fonte: Comunicação PSB RS