Bolsonaro quer participar de debates, mas não vai responder perguntas sobre família e amigos

26/11/2021 (Atualizado em 26/11/2021 | 10:29)

Foto: Marcos Corrêa/PR
Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente da República Jair Bolsonaro disse que tem a intenção de participar dos debates eleitorais no ano que vem, mas com uma condição: não ser questionado sobre família e amigos. Segundo o presidente, esse tipo de pergunta “não vai levar a lugar nenhum”.

— É para falar do meu mandato. Até a minha vida particular, fique à vontade. Mas que não entrem em coisas de família, de amigos, porque vai ser algo que não vai levar a lugar nenhum — disse o presidente em entrevista  ao programa “Agora com Lacombe”, da RedeTV!, na noite dessa quinta-feira.

A restrição é uma maneira de o chefe do executivo evitar questionamentos sobre as investigações que envolvem seus filhos e aliados. O senador Flávio Bolsonaro (Patriota) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) são suspeitos de fazerem parte de um esquema de desvio de salário de funcionários de seus antigos gabinetes legislativos, conhecido como “rachadinha”. Já Renan Bolsonaro, o Zero Quatro, é alvo de um inquérito da Polícia Federal que apura suspeita de tráfico de influência. Todos os filhos negam qualquer irregularidade.

— Eu pretendo participar de debates. Não pude da última (vez, em 2018) porque estava convalescendo ainda (por conta da facada). Da minha parte não vai ter guerra, eu tenho 4 anos de mandato para mostrar o que fiz agora, eu não posso aceitar provocação, coisas pessoais, porque daí você foge da finalidade de um bom debate.

Na campanha eleitoral de 2018, Bolsonaro também afirmou que participaria dos debates, mas não compareceu a nenhum após a facada.

Enquanto isso, novela das rachadinhas rola

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar duas ações que podem impactar as investigações do caso das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio, suspeita de terem sido praticadas no gabinete do atual senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). O ministro Gilmar Mendes liberou as ações para o julgamento.

Na próxima terça-feira (30), serão julgados um pedido da defesa de Flávio Bolsonaro para arquivar as investigações em razão de supostas irregularidades no processo e uma ação do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Esta última questiona a decisão do Tribunal de Justiça fluminense que concedeu foro a Flávio Bolsonaro, enviando o processo para o Órgão Especial da corte.

No esquema das rachadinhas, assessores do gabinete de Flávio Bolsonaro, então deputado estadual, devolviam parte ou toda a remuneração que recebiam, afirma o MP.

Em março, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou legal o compartilhamento com o MP do Rio de Janeiro dos dados reunidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) Coaf.

Mas Flávio Bolsonaro alega que as provas contra ele teriam sido obtidas em meio a irregularidades. Porém, foram justamente os relatórios do Coaf a base para as investigações.

Fabricio Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, apareceu no documento com movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão. Os relatórios também ajudaram os promotores a investigar e identificar depósitos fracionados feitos em dinheiro vivo na conta de Flávio Bolsonaro e ainda uma série de transações imobiliárias suspeitas do senador.

Julgamento somente após STJ barrar rachadinhas

A decisão de Gilmar Mendes veio depois que o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) João Otavio de Noronha, determinar que a ação penal que investiga as suspeitas de rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro só pode ter seguimento se houver outra denúncia pelo MP – a terceira.

O ministro atendeu a um pedido da defesa de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, quando este era deputado estadual. Queiroz é apontado como operador do esquema das rachadinhas, que consistia em recolher parte ou todo o salário de assessores nomeados no gabinete.

O mesmo ministro foi também quem mandou soltar Queiroz e que, desde segunda-feira, passou a ser o relator de todos os casos da rachadinha no STJ. Isso significa que qualquer recurso contra o processo no STJ terá o primeiro voto o conduzido pelo ministro.

Fonte: Socialismo Criativo - Com informações do jornal O Globo