Eleições 2022: A guerra contra o golpe de Bolsonaro

18/05/2022 (Atualizado em 18/05/2022 | 16:19)

General Heber Garcia Portella Imagem: Reprodução
General Heber Garcia Portella Imagem: Reprodução


Representante das Forças Armadas na Comissão de Transparência Eleitoral, o general Heber Portella levou para uma das reuniões do grupo, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a ideia de Jair Bolsonaro (PL) de contratação de uma empresa de auditoria para monitorar os votos durante as eleições de outubro.

Segundo reportagem de Malu Gaspar, no jornal O Globo, Heber Portella “endureceu” o jogo com o TSE depois da “graça constitucional” de Bolsonaro a Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado à 8 anos e 9 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Após romper o silêncio que mantinha desde as primeiras reuniões, Portella começou a pressionar a corte eleitoral e ecoou a tese do presidente, mesmo após exposição do secretário de Tecnologia da Informação, Julio Valente, que afirmou que as possibilidades de auditoria são “muitas e complementares” e que a totalização dos votos pode ser repetida “por qualquer entidade que assim o deseje”.

Em ata da reunião obtida pel’O Globo, Portella pediu informações “sobre a possibilidade de que seja feita uma auditoria específica, caso haja um resultado diferente nos testes de integridade” e “qual seria a melhor forma de realizar as auditorias existentes, considerando o processo como um todo”.

Auditoria para Lula

Em live no dia 5 de maio, Bolsonaro voltou a usar as Forças Armadas para sinalizar que não vai aceitar o resultado das eleições deste ano caso saia derrotado do pleito e ainda anunciou a contratação de uma empresa de auditoria para monitorar os votos.

“As Forças Armadas não vão fazer o papel apenas de chancelar o processo eleitoral, participar apenas como espectador do mesmo”, disparou.

Ao citar a contratação de uma empresa de auditoria, Bolsonaro ainda provocou o ex-presidente Lula (PT), dizendo que o objetivo é “garantir” a eleição do petista, que lidera as pesquisas de intenções de voto.

“Eu estive com o presidente do PL, há poucos dias. Como está na legislação eleitoral, nós contrataremos uma empresa para fazer auditoria nas eleições. Agora, deixo claro, adianto para o TSE, essa auditoria não será feita após as eleições, uma vez ela contratada, a empresa começa a trabalhar”, afirmou, antes de chegar à provocação ao ex-presidente.

“As eleições têm que ser realizadas sem qualquer sombra de dúvidas. É o momento do TSE mostrar, através dessa empresa de auditoria, que temos o sistema mais confiante do mundo no tocante às eleições (…) Já que a pesquisa diz que o senhor Lula tem 40%, o Lula vai ganhar. Então, quero garantir a eleição do Lula com esse processo”, concluiu Bolsonaro.

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General assinou acordo de cooperação com arapongas de Israel

Comandante de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro (ComDCiber), o general Héber Garcia Portella foi responsável pela assinatura de um acordo de cooperação com a empresa de cybersegurança israelense CySource, em março deste ano, conforme revelou reportagem de Paulo Motoryn no Brasil de Fato.

A firma israelense contratada pelo setor de Portella no Exército tem como um de seus executivos o analista de sistemas Hélio Cabral Sant’ana, ex-diretor de Tecnologia da Informação da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro (PL).

No mesmo mês em que deixou o governo federal, em março deste ano, Sant’ana atuou como um dos representantes da CySource na celebração do termo cooperação da empresa com o Exército Brasileiro para capacitação de militares em defesa cibernética.

“Vamos capacitar o Exército Brasileiro com um leque completo de treinamentos, adequando todo conteúdo para atender as necessidades que foram sendo identificadas”, disse Sant’ana, em comunicado divulgado por ambas as partes após o encontro.

Bolsonaristas na empresa israelense

Hélio Cabral Sant’ana foi primeiro-tenente do Exército, de janeiro de 2009 a março de 2013. Para sair do Executivo e assumir o cargo na CySource, ele teve autorização da Comissão de Ética Pública da Presidência.

Assim como ele, o diretor global de vendas da CySource, Luiz Katzap, foi tenente do Exército de fevereiro de 2008 a agosto de 2016.

A CySource foi fundada por veteranos das forças de defesa militar de Israel.

De acordo com a nota da empresa, entre os conceitos abordados na capacitação estão: análise de malware, fundamentos de rede, respostas a incidentes cibernéticos, red team, perícia forense digital e testes de intrusão a sistemas críticos.

Fachin: meta é ter mais de 100 observadores internacionais nas eleições

Em palestra na abertura do evento “Democracia e eleições na América Latina e os desafios das autoridades eleitorais” na manhã desta terça-feira (17) no Tribuna Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin, presidente da corte, disse que o risco de “regressão” já se infiltrou no Brasil e anunciou que espera mais de 100 observadores internacionais nas eleições deste ano no Brasil.

“Acordamos que realizar-se-á uma rede de observações internacionais para garantir a vinda ao Brasil antes e durante as eleições – não apenas dos organismos que já mencionamos-, mas de diversas autoridades europeias e de outros continentes que tenham interesse e condições em acompanhar de perto o processo eleitoral de outubro próximo”, disse Fachin, emendando que “nossa meta é ter mais de 100 observadores internacionais durante o processo eleitoral no Brasil”.

A declaração é uma resposta a Jair Bolsonaro (PL), que em live na semana passada buscou minimizar as próprias ameaças que tem feito ao sistema de votação.

Fachin citou a invasão do Capitólio após a derrota de Donald Trump nos EUA e os ataques ao sistema eleitoral no México como “exemplos do cenário externo de agressões às instituições democráticas, que não nos pode ser alheio”.

Por Plinio Teodoro

Fonte: Socialismo Criativo