Artigo: Os reflexos do dia 13 de maio para a negritude, por Paulo Leites

13/05/2022 (Atualizado em 13/05/2022 | 13:01)

Foto: Reprodução
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Ao contrário do que muitos pensam, hoje não é um dia de celebração, é um dia de reflexão. O dia 13 de maio, data que marcou a abolição da escravatura no Brasil, é histórico, não há como negar. O Brasil foi o último país a terminar com o holocausto do povo preto, através da Lei Áurea, e um dos que mais relutou em fazê-lo, mesmo depois de muita pressão política interna e internacional. 

Foram centenas de anos de assassinatos, torturas, mutilações, estupros, infanticídio, incestos e segregação. No dia 13 maio de 1988, foi encerrado oficialmente o martírio dos escravizados no Brasil. Sim, essa data é importante e não pode deixar de ser. Mas por que o movimento negro organizado não a comemora? Ora porque ela não simboliza a luta, a resistência e o sangue negro derramado em combate pela liberdade. A data que reflete a luta do povo negro é o 20 de novembro, dia de Zumbi dos Palmares, e que simboliza, também, a Semana da Consciência Negra.

O dia 13 de maio precede o dia 14 e todos os outros dias, pois foi muito conveniente promover a libertação dos escravos sem oferecer o mínimo de subsídio para que os mesmos conseguissem ter uma vida digna. Essa liberdade não negociada jogou milhares de famílias negras nas sarjetas, sem comida, sem roupas e sem teto, a marguem da sociedade, com o único direito de morrer livre. Isso é resultado do que temos hoje. Mais de 100 anos de pobreza, marginalização, violência e preconceito. 

Saímos da escravização sem recompensa e sem indenização pelos mais de 400 anos de trabalhos forçados que ajudaram a construir a base deste país e que, até hoje, se abstém de discutir e reconhecer seus crimes. O único presidente a fazer isso e que tentou aplicar políticas de reparação - por meio das cotas raciais - foi Luiz Inácio Lula da Silva. Políticas estas que estão sendo exterminadas pelo atual presidente da República, Jair Bolsonaro. Desde que assumiu a presidência, em 2018, ele reascendeu a chama do preconceito e empoderou racistas, fascistas e nazistas.

O caminho é longo e ainda há muito a se fazer para mudar a cultura do povo brasileiro. Com fé, força e muita resiliência, acreditamos que é possível mudar a história do nosso país para que, no futuro, ninguém mais sofra por causa da cor da sua pele.


Por: Paulo Leites - secretário executivo da Negritude Socialista Brasileira no Estado


>>> Veja também o vídeo de Sanny Figueiredo, secretária de Formação Política da NSB, alusivo a data.



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