Infraestrutura é demanda número um do setor industrial da região Sul

14/03/2022 (Atualizado em 14/03/2022 | 11:54)

Foto:  Ramon Lopes
Foto: Ramon Lopes

A audiência pública promovida nesta sexta-feira (11), em Pelotas, pela Comissão Especial da Indústria CEI-RS revelou que as principais dificuldades do setor industrial na região sul do Estado são relacionadas a melhorias na infraestrutura, ambiente de negócios e a competitividade. Foram citadas duas obras essenciais: a melhoria da estrada entre Osório e São José do Norte (a BR 101), e ainda a conclusão do Lote 4 da obra de duplicação da BR 116, trecho que vai até o porto de Rio Grande. Também foi destacada a necessidade de melhorias no sistema portuário, através da otimização do uso do Porto de Pelotas.

Conforme o presidente da Comissão, deputado Dalciso Oliveira (PSB), estas foram as medidas urgentes para ajudar no desenvolvimento industrial da região. "As lideranças e entidades empresariais presentes relataram problemas fundamentalmente na logística em torno da atividade portuária."

AS dificuldades apresentadas são relacionadas a dois eixos da Plataforma de Compromissos para um Brasil Industrial, proposta pela Fiergs. "O eixo que aparece com maior frequência nos encontros regionais é o de infraestrutura e logística, as regiões precisam de mais qualidade de estradas, portos e aeroportos, para melhor competir", explicou Dalciso, ao mencionar, também a demanda por educação, com formação de profissionais para a indústria, já que é relatada a falta de mão de obra qualificada.

O coordenador do Conselho de Articulação Parlamentar (COAP) da Fiergs, Claudio Bier, falou que a região sul é de muitas potencialidades, advindas da agropecuária, do turismo e da tradição histórica. "Pelotas, Rio Grande e a zona sul têm papel significativo na construção do nosso estado e da nossa identidade como gaúchos".

RAIO X DO SETOR NA REGIÃO

Ao apresentar a radiografia da indústria, o economista da Unidade de Estudos Econômicos da Fiergs, Giovanni Baggio, relatou duas características comuns aos países desenvolvidos: a significativa industrialização e a participação dos mercados globais, afirmando que este é o caminho para o desenvolvimento.

Iniciando pelo estudo do cenário nacional, indicou que a indústria representa 20,5% do PIB do Brasil (R$ 1,3 trilhão), e ela tem efeito multiplicador, ou seja, para cada 1 real produzido na indústria, 2,43 são gerados na economia, ajudando no setor de serviços e comércio. Conforme Baggio, a importância da indústria no desenvolvimento do país é percebida também através do índice que revela que 80% das exportações vêm da indústria. Ela também é uma grande geradora de tributos, sendo responsável por 32,9% da arrecadação de tributos federais (R$ 297 bilhões). Gera 9,7 milhões de empregos formais (20,9% do total de trabalhadores), com remuneração média alta, qualificação e condições de trabalho adequadas.

O Rio Grande do Sul é uma importante engrenagem na indústria brasileira. O estudo revela que a indústria responde por 6,8% do PIB do Brasil (R$ 94,6 bilhões). Já na economia do RS a parcela da indústria é de 22,5% do PIB.

A região sul, composta por 37 municípios e que possui 1.2 milhão de habitantes, é a terceira maior região do Estado, em população, ficando atrás apenas da metropolitana e dos Sinos. Ela gera um PIB de R$ 5,9 bilhões -6,2 % do PIB industrial do RS, e 17,3 % do PIB total da região. Outra variável importante da economia regional é o número de estabelecimentos. São 2200 indústrias (5% do total da indústria do RS), a maioria no segmento de transformação, com 36,4 mil trabalhadores (4,8% do total da indústria do RS). O percentual de arrecadação de tributos também foi apresentado. As indústrias da região geram R$ 2,8 bilhões por ano em ICMS (10% do total arrecadado pela indústria gaúcha), principalmente no segmento de refino de petróleo.

Por fim, os valores de exportações também foram apresentados. São US$ 2,5 bilhões por ano (maior parte de Rio Grande) - representando 17,9% das exportações da indústria de transformação do RS, sendo a região que mais exporta.

FALAS

O presidente da Comissão de Economia da Assembleia Legislativa, deputado Zé Nunes, avaliou que o Brasil está retrocedendo com a desindustrialização, destacando que é um país com muitas dificuldades, como por exemplo de investimentos em ciência e tecnologia. "Não podemos pensar em desenvolvimento, sem ciência e tecnologia e educação". Para o estado falou que planejamento e definição de foco são essenciais. "A saída financeira para o RS está na atividade econômica e não pode prescindir da atividade industrial."

Torquato Ribeiro Pontes Neto, Diretor na Torquato Pontes Pescados S.A., Vice-presidente da FIERGS na Região Sul, abordou, entre outras coisas, a importância da atividade portuária e que é fundamental otimizá-la, através, por exemplo, da construção da estrada Osório até São José do norte, buscando ampliar a capacidade de atendimento do Porto de Rio Grande.

Presidente da empresa de tecnologia, Freedom, Gino Salvador falou das conquistas já alcançadas, como infraestrutura portuária, a duplicação da BR 116, produção de energia abundante, mas sinalizou um grande problema ainda enfrentado: a falta de um projeto de criação de um distrito industrial. "Isto é um grande braço para atrair empresas. Isso mudaria o perfil da região sul. Falta um projeto nesse sentido para trazer mais desenvolvimento para a região", defendeu.

Airton Zoch Viñas, presidente do Sinduscon-Rio Grande, também comemorou notícias boas, como os voos regulares da Gol e da Azul, mas também defendeu a necessidade de uma ligação a seco entre Rio Grande do Norte e Rio Grande. "Isso é fundamental para o escoamento do trânsito, bem como a construção do trecho 4 da duplicação da BR 116".

PRESENÇAS

Estiveram presentes os diretores do Conselho de Articulação Parlamentar da Fiergs, Ricardo Michelon, Ubirajara Terra e Amadeu Fernandes (Presidente do Centro das Indústrias de Pelotas (CIPEL) e anfitrião da atividade, e o diretor da Fiergs, Vittorio Ardizzone.

A atividade também contou com a presença do presidente do Sinduscon Pelotas, Pedro Brito, o Gerente de Operações do Serviço Social da Indústria (SESI) Pelotas, Dionísio Luiz Schutz, o secretário de desenvolvimento econômico e turismo de Pelotas, Gilmar Bazanella, e dos deputados estaduais Issur Koch, Zé Nunes, Fran Somensi e Patrícia Alba, além de gerentes comerciais, diretores de empresas (Freedom, Biscoitos Zezé, Gebrás, Michelon)  e de entidades (Cipel, Federasul, Sinduscon, SESI-SENAI, Sindvestsul).

A COMISSÃO

Este foi o 7 ° encontro regional promovido pela Assembleia Legislativa, entre 2021 e 2022, através da FPI-RS e da CEI-RS, ambas presididas pelo deputado Dalciso Oliveira. Já foram cinco encontros da CEI-RS, sendo duas reuniões e três atividades regionais que, somadas às atividades da Frente Parlamentar da Indústria, potencializaram o debate para tratar das ações dirigidas à indústria na retomada do crescimento econômico. A Comissão foi instalada em novembro e dia 11 de abril vai entregar seu relatório final. "Vamos entregar ao Poder Legislativo, Executivo, a sociedade, e aos postulantes ao cargo de governador na próxima eleição. Pois o que vamos propor são medidas para uma política de estado e não de governo", declarou Dalciso.


Fonte: Daniela Miranda/Ascom dep Dalciso Oliveira