2021 foi o ano do PSB, afirma Siqueira

03/01/2022 (Atualizado em 03/01/2022 | 10:42)

Foto: Reprodução
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O ano de 2021 representa um marco para o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Foi o ano em que o partido se debruçou sobre seu processo de Autorreforma, cumpriu seu papel de liderar a oposição dentro do Congresso Nacional e recebeu nomes de peso da política nacional. Não à toa, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, avalia que este ano marcou a história do partido.

Em entrevista ao Socialismo Criativo, Siqueira avaliou as principais questões que marcaram o partido neste ano difícil que chega ao fim. Confira:



A Autorreforma do PSB, que faz a crítica interna e externa sobre os processos e construções políticas necessárias para o desenvolvimento do Brasil, teve uma mobilização sem precedentes, ressalta Carlos Siqueira.

“O ano de 2021 marcou a história do PSB, que retomou de maneira forte a Autorreforma, que é uma mudança profunda nas diretrizes do PSB. Além da militância e da direção do partido, especialistas de vários segmentos participaram dos debates e deram várias contribuições”, destaca.

Ao longo de 2021, o partido realizou os debates da série Revolução Brasileira no Século 21. A cada semana, especialistas de dentro e fora do partido discutiram os principais problemas do país e, mais que isso, indicaram os melhores caminhos a seguir para superar os desafios.

Entre eles, a doutora em economia, professora e pesquisadora Tânia Bacelar; o ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), o economista Márcio Pochmann; o sociólogo César Callegari, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE); e o ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa, Celso Amorim, que deram importantes contribuições para a construção da Autorreforma.

“Ainda que virtualmente, em grande medida, foi uma mobilização sem precedente. Este novo programa vai orientar os socialistas do PSB nas próximas décadas e certamente servirá como um fio condutor de programas municipais, estaduais e, sobretudo, nacional”, ressalta o presidente do PSB.

PSB lidera oposição a Bolsonaro

O partido também cumpriu seu papel de oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional e, quando necessário, no Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir que os direitos da população fossem respeitados.

Em 2021, o deputado socialista Alessandro Molon (PSB-RJ) foi escolhido como líder da Oposição ao governo de Jair Bolsonaro na Câmara. Com a filiação de Marcelo Freixo (RJ) ao PSB, o partido somou também a liderança da Minoria na Casa. Juntos desempenharam papel fundamental na defesa dos direitos e no cumprimento das obrigações do governo federal com a população.

“Ambos tem reverberado a voz da oposição do PSB [ao governo] e, mais que isso, de todos os partidos de oposição, sobretudo de esquerda que estão nessa luta pela retomada da democracia, pelo desenvolvimento do Brasil e para evitar que a catástrofe das políticas reacionárias e inaceitáveis do governo Jair Bolsonaro seja ainda pior”, afirma Siqueira.

Nesse sentido, o partido também atuou sobremaneira junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Tivemos outra frente de luta travada pelo partido no STF contra as medidas anticiência do governo e conseguimos várias vitórias em que contamos com os parlamentares, líderes e a direção do partido. Foi um verdadeiro horror a forma como o governo tratou a pandemia, sem obedecer às orientações científicas da OMS (Organização Mundial de Saúde) como do próprio Ministério da Saúde e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, criticou o presidente do PSB.

Políticos de peso desembarcam no PSB

A atuação incisiva do PSB abriu caminho para que mais políticos de peso ingressassem no partido ao longo deste ano. Caminho que já vinha sendo traçado ainda antes de 2021.

Siqueira destaca as filiações de Molon e Aliel Machado (PR), e mais recentemente, de Freixo, Tabata Amaral (SP) e do governador do Maranhão, Flávio Dino.

“São quadros que temos orgulho de ter recebido e temos o dever de investir neles para que se projetem ainda mais nacionalmente”, reforça.

Como não podia deixar de ser, o reconhecimento do trabalho desenvolvido por esses políticos não parte somente dos socialistas. Mas a sociedade bateu o martelo sobre a atuação deles, como, por exemplo, na votação promovida pelo Congresso em Foco, portal reconhecido e especializado na cobertura do Congresso Nacional.

“Hoje temos na Câmara os dois melhores deputados do Brasil: Molon e Freixo. Temos os melhores governadores do país: Dino, Paulo Câmara (PE), que também é vice-presidente do PSB, e Renato Casagrande (ES)”, cita o dirigente socialista que destaca ainda a gestão do prefeito do Recife, João Campos. “Que aos 27 anos, dá provas de maturidade e competência”.

Federações: presente e futuro

Carlos Siqueira também destacou a construção das federações partidárias, possibilidade aprovada pelo Congresso Nacional em 2021 a qual ele sempre foi contrário. Mas, inevitavelmente, está no jogo político e promete ser uma questão fundamental para as próximas eleições.

“Eu, particularmente, nunca fui favorável à federação. Sou favorável a um enxugamento do sistema político. É isso o que defendemos na Autorreforma: poucos partidos claramente identificados política, programática e ideologicamente. Para que as pessoas, ao votarem, possam identificar as pessoas e partidos que representam seus ideiais”, enfatiza Siqueira.

É justamente essa falta de identificação com a população promovida pelo grande número de partidos – especialmente, as siglas de aluguel – que permitiram que uma figura do tipo de Bolsonaro saísse vitoriosa no mais alto cargo do país.

“Há uma mistura muito grande e isso revelou claramente nas eleições de 2018 quando o deputado mais reacionário, mais atrasado, entra numa sigla de aluguel, sem recursos financeiros e sem tempo de TV, ganha de alguém como Alckmin, Haddad, Marina Silva, Ciro Gomes. Alguma coisa está muito errada. E é o sistema político que está errado, que precisa ser refeito para oferecer à sociedade mais coerência, identidade, compromisso, mais ideias que possam ganhar o coração e a mente dos brasileiros”, analisa.

Contudo, ele admite que independentemente de seu posicionamento pessoal, a possibilidade de formar federações partidárias está posta. Por isso mesmo, conversas dentro e fora do PSB estão em curso e que será o tema das próximas reportagens do Socialismo Criativo.

Fonte: Socialismo Criativo