Carlos Wizard cai na malha fina por aumento patrimonial incompatível de R$ 12,4 milhões

28/07/2021 (Atualizado em 29/07/2021 | 10:13)

Foto: Washington Costa / Ministério da Economia
Foto: Washington Costa / Ministério da Economia

 Receita Federal  apontou indícios de que o empresário Carlos Wizard teve um aumento de patrimônio em R$ 12,4 milhões incompatível com sua renda declarada em 2020. Essa declaração fiscal de Wizard está retida em malha fina, para análise de possíveis inconsistências.

Os documentos foram enviados pela Receita aos senadores que integram a CPI da Pandemia, em sigilo, no último dia 16, e foi divulgada pela coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles. O empresário é suspeito de ter integrado um gabinete paralelo do governo Bolsonaro que defendia medidas ineficazes contra a covid.

‘Indício de variação patrimonial a descoberto’

De acordo com a reportagem, os auditores identificaram um “indício de variação patrimonial a descoberto” do empresário na declaração de imposto de renda de 2020. O termo significa que a soma do patrimônio de uma pessoa não tem relação com os rendimentos informados à Receita. Em outras palavras, indica um crescimento financeiro sem lastro.

Segundo a Receita, de 2019 para 2020 há inconsistências de cerca de R$ 14 milhões na seção em que Wizard declarou seus bens e direitos. Na ficha de dívidas, outra mudança foi destacada pelos auditores: de zero em 2019, a dívida saltou para R$ 33 milhões no ano seguinte.

Duas empresas aparecem como credoras desse valor: Distribuidora Mundo Verde e Rede Brasileira de Bem Estar. A Receita registrou que Wizard não é sócio direto de nenhuma delas. O empresário tem relacionamento com 66 empresas, em participações societárias ou no quadro de dirigentes, informou a Receita Federal.

Declaração de Wizard está retida pela Receita

A declaração do imposto de renda de Carlos Wizard em 2020 está retida pela Receita Federal para analisar possíveis inconsistências entre os valores declarados e informações de outros contribuintes, por exemplo. Chamado de “malha fiscal” ou “malha fina”, o expediente dura até que a divergência seja solucionada.

O documento ainda mostrou um descompasso entre a movimentação financeira e os rendimentos líquidos do empresário alvo da CPI em 2020. Wizard declarou rendimentos líquidos de R$ 16,1 milhões. A Receita apontou, contudo, uma estimativa de movimentação financeira efetiva em R$ 149,2 milhões, número nove vezes maior.

Sendo uma “análise sumária”, ou breve, o documento fez a ressalva de que não é possível confirmar o indício de movimentação financeira incompatível especificamente sobre essa diferença entre a movimentação e os rendimentos, ou detalhar qual seria esse valor. Seria necessária, seguiu o documento, apuração detalhada das contas utilizadas pelas firmas ligadas a Wizard. Após pesquisarem declarações dessas empresas, os auditores afirmaram que houve “valores consideráveis” em resgates e fluxos de aplicações financeiras.

Wizard se calou em CPI

Em 30 de junho, Wizard ficou em silêncio em depoimento à CPI da Pandemia, com base em uma decisão do STF. Como é investigado pelo colegiado, o empresário não poderia ser obrigado a produzir provas contra si, segundo essa decisão.

Wizard é suspeito de ter integrado um gabinete paralelo do governo Bolsonaro para combater a pandemia com medidas e tratamentos ineficazes. Em junho do ano passado, o empresário esteve muito perto de fazer parte oficialmente da gestão, quando foi convidado pelo então ministro interino Eduardo Pazuello para comandar a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. Wizard declarou ter aceitado o convite, mas dias depois recuou e desistiu da missão.

Fonte: Socialismo Criativo - Com informações do Metrópoles e Revista Fórum