Líder socialista conta sua história e inspira mulheres em entrevista ao Facebook

08/03/2017 (Atualizado em 08/03/2017 | 19:12)

Tereza Cristina é líder do PSB na Câmara
Tereza Cristina é líder do PSB na Câmara

 

A líder do PSB na Câmara, deputada Tereza Cristina (MS) concedeu entrevista, nesta quarta-feira (8), ao Projeto #ElaFazHistória, do Facebook, sobre o Dia Internacional da Mulher. A inciativa desta rede social é transmitir entrevistas ao vivo por 24 horas, para dar voz e visibilidade às mulheres, para celebrarem suas histórias e inspirarem muitas outras. E para discutir o papel da mulher nas mais diversas lideranças do mundo, a líder socialista iniciou o bate-papo mandando forte abraço a todas as mulheres do mundo, “da mais humilde a mais empoderada”. Acompanhe a íntegra da entrevista.

Facebook: Hoje temos 11% de deputadas no Congresso. Como é ser uma mulher líder na política e vice-presidente da comissão de agronegócio?

Tereza Cristina: A política talvez seja o campo mais hostil para as mulheres. Sou engenheira agrônoma, sempre trabalhei com o campo masculino, mas nunca tive problema. Fui para a fazenda, trabalhei com tratoristas, camponeses, em seguida trabalhei em secretarias, federações, empresas e sempre fui uma das poucas mulheres sentadas à mesa. Mas especialmente na política, as mulheres têm mais dificuldade. Talvez isso explique esse número, onde há apenas 51 mulheres em 513 deputados, e outras poucas 11 ou 12 senadoras. Segunda-feira passada fui a um jantar de líderes com o presidente Michel Temer e eu era a única mulher. Acho que isso não nos intimida, e sim nos dá força, para defender os assuntos inerentes à mulher e ao Brasil. Sou mais ligada ao setor produtivo, mas também estou sempre atenta ao olhar das minhas colegas na defesa das mulheres na Câmara, contra a violência que nos atinge todos os dias e seus direitos importantíssimos.

FB: A senhora mencionou que tem uma trajetória de ter sido uma executiva de agronegócio. O que tem sido mais desafiador? Ser uma executiva ou uma política?

TC: Tudo é desafiador para mulher, porque ela entrou no mercado de trabalho há menos tempo, mas nunca deixou de trabalhar seja da forma que for. Um dado importante é que nos concursos públicos as mulheres são aprovadas em maior número. As universidades formam mais profissionais femininas em diversas áreas, pois somos mais aplicadas. Ser executiva é bom e nunca foi problema para mim, não posso reclamar. Realmente o mundo mesmo executivo é mais dos homens, por conta do foco que eles têm, enquanto nós temos capacidade de fazer três ou quatro coisas ao mesmo tempo. Já aqui na política sentimos discriminação até dentro do plenário. Mas sempre com elegância e seriedade, competência e inciativa ganhamos nosso espaço. A cota para mulheres no partido, por exemplo, é uma forma de discriminar a mulher. Acho que temos que ter igualdade de condições dentro dos partidos, isso até hoje não deu nenhum bom resultado. Acredito na igualdade de oportunidades.

FB: Nossa CEO já passou por situações onde, até mesmo numa reunião de negócios, não encontrava um banheiro feminino para usar. A senhora já passou por algo parecido? Quais são seus projetos para aumentar os direitos das mulheres?

TC: Quando fui secretária de Agricultura do meu estado, viajei muito pelo mundo em busca de investimentos. Em alguns países encontrei situações como estas há 6 ou 7 anos, mas acredito que hoje isso vem mudado de forma significativa. Sobre os projetos para garantir nossos direitos, em primeiro lugar acredito no incentivo para alcançarmos a igualdade de salários. As mulheres estão ascendendo cada vez mais a novos cargos e isso com certeza virá com o tempo. A bancada feminina na Câmara também tem se preocupado com o problema da violência em todos os setores da sociedade. Precisamos ficar atentas também ao assédio moral, precisamos ler mais, nos capacitar mais e exigir respeito e limites na convivência entre os homens.

FB: Pensando na questão do crescimento econômico do país, sabemos que existem diversos estudos que comprovam a necessidade de investir em oportunidade para mulheres. A senhora acredita que isso derruba barreiras das desigualdades de gênero? 

TC: Com certeza! A cada dia temos visto mais mulheres que fazem a diferença e são arrimo nessa crise que assola o país. As mulheres vão à frente com iniciativas para superar dificuldades, criando negócios rentáveis de imaginação, vendendo seus produtos em diversas áreas, e os maridos acabam indo trabalhar junto, pois veem que estão investindo na família e dando show de competência no empreendedorismo. Uma vez ajudei um grupo de mulheres em um assentamento no meu estado, a se unirem para evitar desperdício na produção de leite. Hoje elas têm uma cooperativa, ganharam prêmio na ONU e sua produção aumentou em qualidade e quantidade.

FB: Qual é a importância de contar a sua história de vida para outras mulheres?

TC: Contar a minha história é um exemplo de que toda mulher pode conseguir chegar onde deseja. Eu vim de uma família de políticos, mas não foi por isso que entrei na política cedo, só avancei nesse ramo após trabalhar muito, por meus pés no barro e enfrentar o medo. O que digo para as mulheres é, se você está convicta de que tem um objetivo, enfrente tudo e alcance. Qualquer um pode observar um fato, as mulheres têm muito menos, ou quase nenhum envolvimento, com coisas ruins que acontecem neste país. O dia das mulheres é todo dia!

 

Rhafael Padilha

Fonte: Liderança PSB na Câmara