67% dos brasileiros acreditam que a corrupção aumentará no país com Bolsonaro

23/03/2021 (Atualizado em 23/03/2021 | 14:14)

reprodução internet
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O eleitor brasileiro que acreditou no discurso de Jair Bolsonaro de compromisso com o combate à corrupção começa a mudar de opinião. Pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira (22) revela que 67% dos brasileiros dizem esperar que haverá mais corrupção a partir de agora. É o maior nível desde que Bolsonaro assumiu a Presidência. Em dezembro de 2020, o percentual de brasileiros que afirmavam acreditar que a corrupção aumentaria era de 55%. Ou seja, houve um crescimento de 12 pontos.

O levantamento revela também que, agora, apenas 8% dos acreditam que a corrupção irá diminuir. Em dezembro de 2020, eram 14% o percentual dos que tinham essa percepção.

As investidas contra órgãos de Estado, como a Polícia Federal e o Ministério Público, além das suspeitas que recaem sobre o próprio Bolsonaro e seus filhos, Flávio e Carlos, investigados por esquemas de “rachadinha” em seus gabinetes, são fatores que podem ter motivado a perspectiva de aumento na corrupção no país.

Diante do que tem sido visto como um recuo no combate à corrupção no Brasil, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) tomou uma decisão inédita: criar um grupo permanente de monitoramento sobre o assunto no Brasil.

A entidade, na qual o Brasil pleiteia ingressar, está preocupada com o fim “surpreendente da Lava Jato”, o uso da lei contra abuso de autoridade e as dificuldades no compartilhamento de informações de órgãos financeiros para investigações.

A medida, jamais adotada contra nenhum país antes, representa uma escalada — com tons de advertência — nas posições da OCDE, que desde 2019 tem divulgado alertas públicos ao governo e chegou a enviar ao país uma missão de alto nível para conversar com autoridades e tentar reverter ações de desmonte da capacidade investigativa contra práticas corruptas.

A Câmara dos Deputados pediu formalmente explicações ao ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, ao das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e ao Banco Central sobre o que motivou a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a determinar a criação de um grupo estrangeiro de monitoramento da atual situação do combate à corrupção no Brasil.

A informação sobre a criação desse grupo de monitoramento foi divulgada primeiro pela BBC Brasil. A reportagem fala que existem “duas motivações primordiais para” essa “medida”.

A primeira teria sido a aprovação da Lei de Abuso de Autoridade, que criminaliza algumas condutas de juízes e procuradores. Segundo a reportagem, a OCDE tem receio de que a lei seja “usada como elemento de intimidação contra investigadores que estejam” apenas “cumprindo seu dever”.

A outra motivação teria relação direta com a família Bolsonaro: as decisões judiciais que até agora protegem Flávio Bolsonaro na investigação de um esquema de corrupção na Assembleia Legislativa do Rio, o famoso caso das “rachadinhas”. Uma dessas decisões foi em fevereiro, quando o Superior Tribunal de Justiça anulou, de novo, a quebra de sigilo fiscal e bancário do senador.

A criação de um grupo na OCDE para monitorar o combate à corrupção em um país específico é rara. A OCDE disse que, antes do Brasil, isso só aconteceu em 2005 e em 2009 para acompanhar a situação em outro país do G20, cujo nome não foi divulgado porque a medida não era pública. Fazem parte da OCDE 37 países, mas a convenção antissuborno da organização tem 44 países, incluindo o Brasil.


Fonte: Ascom PSB Nacional com informações da BBC Brasil e do Jornal Nacional