Março é todo nosso, das mulheres. E a importância da luta
se mostra quando falamos no mês da mulher e não mais sobre o dia. Isso
demonstra que cada vez mais é necessário fazermos algumas ponderações sobre o
tema. Mais do que uma simples homenagem, o dia 8 de março é marcado pela
história de luta por direitos elementares que, à época de sua criação,
representava a busca pelo direito ao voto feminino.
Atualmente, para além da comemoração, a ideia é provocar reflexões
e mudanças na sociedade que ainda tem o machismo enraizado culturalmente. O
esforço é para tentar diminuir o preconceito e a desvalorização que ainda
existem. Mesmo com todos os avanços, a violência física e psicológica contra a
mulher, a jornada excessiva de trabalho e as desvantagens na carreira
profissional se fazem presentes.
Apesar das mulheres ainda encontrarem dificuldades no
âmbito profissional, o número de famílias brasileiras chefiadas por elas cresce
a cada ano. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
quase metade dos lares brasileiros são “comandados” por mulheres. Uma situação
muito diferente de anos atrás, quando – em boa parte das famílias – apenas o
homem tinha inserção no mercado de trabalho.
O fato de muitas mulheres brasileiras se tornarem mães sem
o apoio do companheiro é, possivelmente, mais um motivo para o empreendedorismo
feminino ter ganhado força ao longo dos anos. De acordo com um levantamento
realizado pela Rede de Mulheres Empreendedoras, movimento criado em 2017,
durante a pandemia o empreendedorismo feminino teve um aumento de 40%. O
crescimento da veia empreendedora na mulher ocorre muito em função delas serem
sempre as principais vítimas das demissões em momentos de crise como esse.
O Brasil é o sétimo país do mundo com mais mulheres
empreendedoras e o décimo com mais mulheres na liderança de empresas. Ao redor
do mundo, a presença feminina em grandes corporações vem crescendo a passos
largos. Porém, apesar do diagnóstico ser favorável, o número de mulheres
ocupando cadeiras de liderança nas empresas e até mesmo na política ainda é
restrito. Mas, curiosamente, os governos comandados por mulheres têm tido
grande êxito, principalmente, agora, na luta contra a covid-19, a exemplo da
Alemanha, Nova Zelândia, Finlândia e Noruega.
Outro reflexo da pandemia, em consequência do isolamento
social, é a alta nos casos de feminicídio no país. Segundo dados do Anuário Brasileiro de
Segurança Pública, houve uma crescente de quase 2% no número de casos no
decorrer do primeiro semestre de 2020. Esses números não são uma coincidência,
visto que – historicamente - situações de violência contra a mulher tendem a
aumentar em feriados e datas comemorativas.
Ao longo do tempo, muito foi conquistado graças àquelas
mulheres guerreiras que hoje fazem parte da história. No entanto, enquanto
houver espaço para preconceito, desvalorização e violência, ainda há motivos
para lutar por um mundo onde haja igualdade de gêneros.
Texto: Maria Luiza Loose
Secretaria Estadual do Movimento de Mulheres Socialistas
Edição: Stéphany Franco
Fonte: