Protagonismo feminino: ainda há motivos para lutar

08/03/2021 (Atualizado em 08/03/2021 | 09:08)

Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Março é todo nosso, das mulheres. E a importância da luta se mostra quando falamos no mês da mulher e não mais sobre o dia. Isso demonstra que cada vez mais é necessário fazermos algumas ponderações sobre o tema. Mais do que uma simples homenagem, o dia 8 de março é marcado pela história de luta por direitos elementares que, à época de sua criação, representava a busca pelo direito ao voto feminino.

Atualmente, para além da comemoração, a ideia é provocar reflexões e mudanças na sociedade que ainda tem o machismo enraizado culturalmente. O esforço é para tentar diminuir o preconceito e a desvalorização que ainda existem. Mesmo com todos os avanços, a violência física e psicológica contra a mulher, a jornada excessiva de trabalho e as desvantagens na carreira profissional se fazem presentes.

Apesar das mulheres ainda encontrarem dificuldades no âmbito profissional, o número de famílias brasileiras chefiadas por elas cresce a cada ano. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase metade dos lares brasileiros são “comandados” por mulheres. Uma situação muito diferente de anos atrás, quando – em boa parte das famílias – apenas o homem tinha inserção no mercado de trabalho.

O fato de muitas mulheres brasileiras se tornarem mães sem o apoio do companheiro é, possivelmente, mais um motivo para o empreendedorismo feminino ter ganhado força ao longo dos anos. De acordo com um levantamento realizado pela Rede de Mulheres Empreendedoras, movimento criado em 2017, durante a pandemia o empreendedorismo feminino teve um aumento de 40%. O crescimento da veia empreendedora na mulher ocorre muito em função delas serem sempre as principais vítimas das demissões em momentos de crise como esse.

O Brasil é o sétimo país do mundo com mais mulheres empreendedoras e o décimo com mais mulheres na liderança de empresas. Ao redor do mundo, a presença feminina em grandes corporações vem crescendo a passos largos. Porém, apesar do diagnóstico ser favorável, o número de mulheres ocupando cadeiras de liderança nas empresas e até mesmo na política ainda é restrito. Mas, curiosamente, os governos comandados por mulheres têm tido grande êxito, principalmente, agora, na luta contra a covid-19, a exemplo da Alemanha, Nova Zelândia, Finlândia e Noruega.

Outro reflexo da pandemia, em consequência do isolamento social, é a alta nos casos de feminicídio no país.  Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, houve uma crescente de quase 2% no número de casos no decorrer do primeiro semestre de 2020. Esses números não são uma coincidência, visto que – historicamente - situações de violência contra a mulher tendem a aumentar em feriados e datas comemorativas.

Ao longo do tempo, muito foi conquistado graças àquelas mulheres guerreiras que hoje fazem parte da história. No entanto, enquanto houver espaço para preconceito, desvalorização e violência, ainda há motivos para lutar por um mundo onde haja igualdade de gêneros.


Texto: Maria Luiza Loose

Secretaria Estadual do Movimento de Mulheres Socialistas

Edição: Stéphany Franco

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