Entrevista: Paulo Leites, secretário estadual da NSB

13/12/2019 (Atualizado em 13/12/2019 | 16:09)

Na série de entrevistas com representantes dos órgãos estatutários do Partido Socialista Brasileiro, confira a entrevista com o secretário estadual da Negritude Socialista do PSB (NSB), Paulo Leites:


PSB – Qual o principal desafio do movimento para 2020?

Leites – A Negritude socialista brasileira tem viés politico. Sendo assim, nosso objetivo é dar visibilidade e representatividade para o povo e comunidade negra. Neste intuito, queremos colocar bons candidatos para disputar as eleições e aumentar a nossa representação nos parlamentos. Este é nosso desafio para 2020.


PSB – E como está a estrutura do segmento atualmente? 

Leites – A nossa estrutura ainda é muito abaixo das ofertadas aos não negros. Logicamente, através de muito esforço e trabalho junto às nossas executivas, temos alguns avanços. Mas ainda falta muito para termos uma condição de igualdade e que, de fato, nos oportunize competir com reais chances de vitórias nos pleitos.



PSB – Vivemos um momento de muitos retrocessos. Como a Negritude Socialista pode contribuir para que o campo progressista não perca espaço? 

Leites – Nossa contribuição é a de nos fazer representar nos espaços de poder, contribuindo para a saída da invisibilidade, buscando projetos de formação e informação política para nossos filiados e dando condições para estes atuarem junto ao seguimento, para dentro e para fora das instâncias partidárias. Sempre sofremos com tentativas de recrudescimento dos avanços conseguidos a duras penas e, evidentemente, com um governo federal neoliberal, racista e conservador, atuando contra nós, nossa luta tende a ser mais dura. Neste caso, aumentamos a resistência e informamos o povo negro, preparando as bases para que direitos conquistados não sejam perdidos.



PSB – Como atrair mais negros para a política?  

Leites – Podemos atrais mais homens e mulheres negras mostrando a eles a importância de estar nos espaços de decisões, ou seja, na política, que é onde as coisas acontecem de fato . Se não estivermos representados nestes espaços, dificilmente teremos vez e voz. Ficaremos dependentes daqueles que não vivem de fato o que vivemos.


PSB – Ainda há preconceito quanto a negros na política? Se há, como combater isso?

Leites – Sim, o preconceito está encrustado em todos os espaços da nossa sociedade, enraizado como uma cultura nefasta e cruel. Na política, não é diferente. Vimos isso no discurso do que é preciso fazer, mas, na prática, não se concretiza, não vemos investimentos ou destinações de emendas para projetos que ajudem a diminuir a desigualdade, e muito menos incentivo à participação de negros nas disputas eleitorais. Ainda somos vistos como bons cabos eleitorais, para puxar e sacudir bandeiras, mas para disputar vagas eleitorais, acham que temos que dar espaço para os não negros. Combater isso somente é possível através de uma política de cotas, como existe para as mulheres que, aos poucos, vão conseguindo mais representatividade nos espaços políticos.

Fonte: Comunicação/PSB RS